Broa
Vou me ocultar de vocês
não haverá festinhas de aniversários
nem visitas com abraços
nem dia de Reveillon
nem Natal
nem Carnaval
na praia dizendo "oi - tchau!"
Vou ter fé que ainda assim vocês
pagarão meu aluguel.
Vou comer uma fatia de pão
vou rezar que tenha na UBS, a medicação
e que o dinheiro do médico esteja em mãos.
Vou lutar pelo direito ao Wi-fi
e pelo direito à Universidade
quando tentar
vou tentar de verdade
Mas não vou amar
nem a homens, nem à Santidades
Quando abraçar
será meus filhos
quando beijar
será meu cachorro
Quando me masturbar
não sentirei culpa
não haverá sexo entre duas pessoas que se querem
Não haverá "oi"
Pedirei sempre meu "pix"
Se você não quiser ajudar
ninguém poderá ajudar vocês.
E eis que em dias como estes
vocês se recordam como o Julgamento é duro -
e está quase tudo consumado,
cozendo os vestidos de gala
do quadro de orientação
Tem palhaço
Tem teatro
Tem mini-série para a televisão.
Falaremos disso.
As avós que tanto amamos
mostram o significado de sua estadia
na morada terrena
Eu estou tão cansada
e elas são tão escorregadias!
Subir ou descer com o pandeiro no chão?
Comam seu arroz
e não perguntem pela broa em frente à televisão!
Atenciosamente,
Thaís Fernanda Ortiz de Moraes
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